segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Soy Loco Por Sol - Mundo Livre S.A.

Vim compartilhar um link postado por Carlos Augusto em seu facebook!
Clipe massa de Mundo Livre pra comemorar a semana pré-carnavalesca ao som dessa banda que anda sempre a cutucar a zona de conforto!




http://www.youtube.com/watch?v=F7PQTFsmNCU&feature=player_embedded

domingo, 27 de fevereiro de 2011

A solidão


a solidão 
da identidade de classe adormecida
é a nossa realidade de sol, de sal e salitre
é a dor cáustica sobre a pele
é o parto, é a prole,
é a andança e a fome,
é o nutrir-se de luz
E o vazio gástrico do amanhã

é a busca incessante e o estilhaço no peito
da luta diária
do silencioso chão de fábrica
da cólera reprimida,
do sofrimento engasgado
é o sangue jorrando
e o choro guardado
é a vida sem voz
é a voz sem vez
é o véu da injustiça
e a dor castigante
sem força e braço
sem rumo e sem destino
a viver nessa solidão

a semelhança com águas de março, brejo da cruz e outras músicas e poesias mais não é mera coincidência. 
na falta de inspiração, pedir emprestado um punhado de palavras daqui e dali não fará falta aos grandes mestres...créditos a Tom Jobim, Chico Buarque, Augusto dos Anjos e por aí vai. Pedi inspiração, ela não chegou, os mestres se solidarizaram com meu penar.



quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Onda Privatista na Gestão dos Hospitais Universitários


Foi com imenso pesar que soube da medida provisória sancionada em 31 de dezembro de 2010 que instituirá uma Empresa Brasileira para a gestão dos Hospitais Universitários.

Essa Empresa denominada EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares S.A.) atuará no formato de uma Fundação Estatal de Direito Privado, o que se configura uma forma velada de privatização partindo-se da concepção de que os "modelos de gestão flexíveis" trazem no cerne a desresponsabilização do Estado. À medida em que se delega a uma entidade privada a gerência dos Hospitais Universitários, que necessariamente trabalhará na lógica da produtividade e do mercado, subverte-se a lógica da atenção integral, da manutenção de um usuário em um leito por tanto tempo quanto for necessário, avaliando-se as condições sociais às quais está submetido, impondo-o que retorne, mesmo a despeito de uma recuperação conturbada e quiçá, impossível no seu ambiente - por uma necessidade premente de girar leitos, girar recursos e capital.

No momento em que o HC inicia um processo de reestruturação através do REHUF vivenciamos mais um momento de onda privatista (dessa vez em escala nacional). Me pergunto o motivo de se reestruturar os HU´s antes de torná-los geridos pelo poder privado..não seria esse o momento de apostar na atuação pública, na normatização e responsabilização dos profissionais? E o mais intrigante é observar como o solo é preparado para embevecer os usuários e os profissionais. Eis que de repente surge uma vultosa quantia de dinheiro e resolve todos os problemas (estruturais, vale ressaltar). Mais investimentos no HC! E alguns meses depois lança-se um projeto de privatização da gestão...mas agora isso já nem importa, o hospital está todo equipado, bonito, com emergência, porque lutar contra a privatização?

Será que a mera desresponsabilização do Estado, tornando os profssionais CLT (portanto, mais vulneráveis, calados) de fato representa uma melhoria na assistência ou traria a mecanização do trabalho, sentimento de instabilidade e pouco compromisso em construir uma assistência de qualidade? A normatização é capaz de punir os maus profissionais, mas é necessário que os gestores utilizem-se dessas normas. Não se pode direcionar a culpa pelos profissionais faltosos por uma estabilidade naturalizada pelos gestores, mas penaliza-los, como prevê a lei: estabilidade não é e não deve ser sinônimo de impunidade, descompromisso, o RJU precisa ser cumprido e existem instrumentos capazes de penalizar profissionais que não cumprem sua carga horária devidamente.

Há, entretanto, algo de muito danoso na gestão privada da Saúde - para além da lógica invertida, para além de possíveis acordos clientelistas - o silêncio do controle social. As fundações prevêem uma quantidade ínfima de cadeira representativa de usuários. Isso representa uma mácula deletéria aos princípios do SUS. A voz do usuário reduzir-se-á a um canto solitário, a um silencioso bradar. E que motivos existem para silenciá-los?

Quando partimos para uma análise na formação dos estudantes..me pergunto o que será introjetado por um estudante que adentra um Hospital em que a lógica de gerência é privada. Imaginando que muito provavelmente o HC torna-se-á dupla porta (que satirizamos com uma porta para os planos de saúde e uma janela para o SUS), o que é naturalizado para o aluno: os pacientes de plano privado recebem assistência A, os do SUS assistência D e, sendo assim, me comportarei de maneira A com os primeiros e de maneira D com os últimos.

Isso tudo é muito preocupante...e o pior de tudo..todo o patrimônio, toda luta por um saúde universal e de qualidade escorrendo pelo ralo, sob nossos narizes. Não fiquemos calados.

Marcela Vieira


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O Nascimento do Blog

Observando atentamente uma noite sem luar, próximo ao pé do Cruzeiro do Sul, eis que presenciamos o nascimento de uma estrela. Essa região chamada Saco de Carvão pela escuridão opaca em meio a cruz de fulgores é uma imensa nuvem de gás e poeira, uma nuvem interestelar. Essa mesma nuvem, submetida a pressões altíssimas e a uma temperatura exorbitante, condensa-se e forja um campo gravitacional capaz de produzir energia e, somente conterá o colapso iminente ao parir mais uma estrela.
O nascimento desse blog, infinitas² vezes menos complexo, se assemelha a nuvem interestelar pelo aumento da entropia subitamente remediado por algumas palavras materializadas sobre o papel.

Sob o céu estrelado, embaixo do Cruzeiro do Sul,
olho o horizonte, a utopia
abaixo do Equador,
os meus pés estão imersos no chão,
terra que semeia o caminhar.