segunda-feira, 14 de março de 2011

O que é Saúde?

A compreensão da concepção de Saúde evoluiu ao longo dos anos em consonância com os grandes marcos do conhecimento no campo técnico-científico. A maior abrangência designada ao termo se traduz, hoje, em um olhar mais atento à realidade concreta em que está inserido o ser humano - sujeito e, ao mesmo tempo, influenciado pelo meio.
A descoberta dos microrganismos causadores de doenças, por Luis Pasteur, foi o primeiro passo; em meio ao pânico provocado pela crença em miasmas e agentes sobrenaturais responsáveis por pandemias, a descoberta de um inimigo contra o qual se pudesse lutar e enfim combater foi, sem dúvidas, um grande avanço. As Ciências da Saúde, nesse momento, se dedicariam à busca incessante da terapêutica e lançariam mão dos mais diversos experimentos contra aquele agente conhecido: o inimigo estava diante dos olhos, o suposto causador de adoecimento daquela população estava nítido sob o foco do microscópio.
Ao longo dos anos, o ser humano constatou que a mera descoberta do microrganismo desencadeador de determinada doença não era suficiente para explicar o que estava implícito no processo de adoecimento de um povo. Seria necessário compreender os determinantes sociais e a multicausalidade da doença, para assim, combatê-la veementemente de acordo com as características inerentes ao contexto sócio-econômico; o inimigo tornara-se, portanto, maior e mais complexo; o vilão puntiforme de outrora se transformara em todo o conjunto de interações que permeiam a existência humana e, nesse sentido, não havia mais como negligenciar toda moléstia engendrada na subumanidade das condições de sobrevivência que acomete milhões de pessoas no mundo. Porque será que os pobres, a classe oprimida, a classe trabalhadorea são mais vulneráveis a adoecer? Eis a resposta..a determinação social é inegavelmente o grande fator de adoecimento do povo, é o fator social quem determinará o motivo pelo qual a pobreza é mais acometida. 
Partindo-se da concepção ampliada que a designação de Saúde adquiriu, torna-se, dessa maneira, imprescindível a busca pela transformação da realidade, pela quebra do capital e do atual modelo de sociabilidade. Pensar saúde e não contextualizar politicamente é uma falácia o tempo todo repetida como um mantra nas nossas cabeças, nas cabeças dos estudantes e profissionais de saúde. É impressionante como algo que é tão nitidamente entrelaçado como a concepção de saúde e a determinação social do processo saúde/doença pode ser tão dissociado ao longo da nossa formação acadêmica. O que fazer então, se a mera prescrição não é suficiente? Eis a pergunta que é essencial nos fazermos sempre: de que forma estou contribuindo e agindo para que a gênese de todo adoecimento caia ao chão?


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